Sr. Responsável,

O Grupo CERC de Ensino, através da equipe do S.O.E, estará enviando mensalmente via e-mail, um Texto Reflexivo com o objetivo de compartilhar com a família temas importantes para uma parceria sólida e satisfatória.
O 1º texto  é sobre “Desatenção – TDAH ou fatores ambientais?”

Agradecemos a oportunidade de um aprendizado coletivo.

 Equipe Pedagógica.

Desatenção – TDAH ou fatores ambientais?

A atenção é um componente essencial à aprendizagem, definida por Zorzi (2003) como “uma capacidade geral de estarmos receptivos ao que se passa no mundo, de modo a sermos capazes de, dentre um conjunto de fatos que nos chegam, selecionarmos alguns deles para que os compreendamos de um modo mais efetivo” (p. 151). Considerada o “maestro da mente”, a atenção coordena o funcionamento da memória, da linguagem, das seções sequenciais e outras funções cognitivas, a fim de produzir o resultado desejado (LEVINE, 2003). Na opinião de educadores, esta tem sido uma das maiores dificuldades apresentadas pelas crianças em sala de aula: a capacidade de manter o foco nos conteúdos e atividades.
Essa percepção de educadores, geralmente relatada aos pais, tem gerado um aumento nas suspeitas de ocorrência do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

O aumento no uso do metilfenidato, medicamento estimulante utilizado para minimizar os sintomas do transtorno, tem chamado a atenção de especialistas, visto que seu uso aumentou cerca de 700% nos Estados Unidos na década de 1990 e triplicou no Brasil entre 2001 e 2006 (CALIMAN, 2008). A compreensão do transtorno, que a princípio aliviou o fardo de crianças cujo insucesso escolar era até então atribuído à preguiça, desinteresse, falta de empenho ou de inteligência, corre o risco de cair em outro extremo, uma visão oposta da situação: a patologização, ou seja, a suposição precipitada de que toda e qualquer dificuldade apresentada no ambiente escolar constitui-se distúrbio. Por esse motivo, diante de uma criança desatenta, é importante diferenciar o TDAH, causado por razões orgânicas, da manifestação de desatenção, que pode ser causada por fatores ambientais. Antes de suspeitar de um transtorno, é importante analisar o ambiente no qual a criança está inserida assim como a existência, em sua rotina, de fatores causadores do problema. Entre os fatores ambientais da desatenção, pode-se destacar o excesso de estímulos como um dos principais motivos, dificultando a assimilação do conteúdo escolar, que passa a representar apenas uma parcela mínima da quantidade de informações recebidas durante o dia. Além disso, diante de todos os recursos da mídia que as crianças de hoje visualizam, a aula, convenhamos, está entre as atividades menos interessantes.

Com relação à rotina seguida pela criança, alguns hábitos podem prejudicar a capacidade de atenção. A dificuldade de atenção pode ser ocasionada por diversos fatores, apontados em abundantes estudos, que a relacionam com distúrbios do sono (GONDIM, 2007), privação de sono por hábitos inadequados (MATHIAS et al, 2006), privação de alimentos nutritivos no período da manhã e antes das aulas, além de fatores emocionais e eventos estressantes, entre outros. Conclui-se, portanto, que a apresentação de sintomas de desatenção em uma criança não pode, por si só, ser interpretada como um diagnóstico definitivo de TDAH. Toda a rotina do aluno precisa ser minuciosamente analisada a fim de se detectarem possíveis causas para essa situação. Persistindo a desatenção mesmo após a eliminação desses fatores, procede-se, então, à investigação da possibilidade do transtorno.

( Grupo SOE)

Referências bibliográficas:<http://www.scielo.br/pdf/pe/v13n3/v13n3a17.pdf >. Acesso em 06fev.2014.<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003472992007000600003&lng=en&nrm=iso >. Acesso em: 06 fev. 2014.